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11 de abr. de 2011

Bom Dia - Conversas e lutas com Deus

Em um dos meus livros, “O monte cinco”, o personagem principal rebela-se contra os desígnios de Deus, e não quer mais escutá-lo.

Inspirei-me em uma passagem bíblica, quando Jacó luta com Deus dentro de uma tenda, e só o deixa partir depois que Ele o abençoa.

Da mesma maneira que um jovem sadio precisa ter uma dose de rebelião necessária para enfrentar-se com seus pais e impor sua lenda pessoal, Deus também deseja que exerçamos, a cada minuto de nossas vidas, o poder de nossas decisões.

É muito fácil ficar transferindo a responsabilidade para os outros (e para Ele), só para depois culparmos o mundo pela injustiça a nossa volta, e o fracasso dentro de nós.

Mas aonde isto nos leva? A lugar nenhum.

Deus nos escuta. Deus nos leva a sério. Vale a pena relembrar aqui um outro episódio bíblico onde esta faculdade está claramente descrita:

No livro do Gênesis (18:22-33), o Todo Poderoso resolve avisar a Abraão que irá destruir Sodoma e Gomorra. Abraão não aceita: por que os inocentes devem ser sacrificados junto com os pecadores?

Abraão vai mais além. Diz: “como ousa o Senhor fazer tal coisa, matar o justo junto com o ímpio?”

E exige que Deus se comprometa a não destruir a cidade, se ali viverem cinquenta justos. Deus se compromete. Abraão começa a barganhar, dizendo que seria absurdo, caso faltassem apenas cinco para formar cinquenta justos, que Ele tomasse tal decisão.

Deus aceita não destruir a cidade se ali viverem quarenta e cinco justos, ou trinta, ou vinte, ou dez… Deus aceita cada um dos argumentos de Abraão, e vai prometendo mudar de ideia.

Sabemos que, na Bíblia, Deus termina destruindo Sodoma e Gomorra, salvando apenas uma família. Mas, antes de tomar esta decisão, Ele estava aberto ao diálogo.

Temer a Deus não significa ter medo de Deus. Deus está muito mais aberto para uma conversa do que imaginamos; é só começar o diálogo, e ficaremos surpresos com os resultados.

Manhã Show | G1 | Paulo Coelho

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